quinta-feira, 12 de março de 2015

Estratégia da imprensa para pressionar o STF em condução da Lava Jato

http://jornalggn.com.br/noticia/estrategia-da-imprensa-para-pressionar-o-stf-em-conducao-da-lava-jato

Toffoli encontrou-se com a presidente Dilma Rousseff e todo mundo viu. Gilmar Mendes encontrou-se com o investigado Eduardo Cunha e ninguém viu.
 
 
Jornal GGN - O ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, conseguiu a transferência da Primeira para a Segunda Turma, que julgará a maior parte dos processos dos políticos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. No dia seguinte, tinha um encontro com a presidente Dilma Rousseff, para apresentar uma proposta da Justiça Eleitoral, já que Toffoli é presidente do Tribunal Superior Eleitoral. O caso foi amplamente divulgado como conflito de interesses. Não teve a mesma repercussão o encontro de Gilmar Mendes, também na Turma, com o apontado de ser um dos cabeças do esquema de desvio, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara.
 
A Folha de S. Paulo explorou o encontro de Toffoli com Dilma, pelo viés de que o ministro já foi advogado eleitoral do PT, assessor da Casa Civil durante o governo do ex-presidente Lula e advogado-geral da União. 
 
Apesar de Toffoli ter demonstrado, durante o julgamento das contas de campanha de Dilma Rousseff, no final de 2014, um posicionamento controverso - de tentativas, reveladas pelo Jornal GGN, de ao lado de Gilmar Mendes desaprovar a prestação de contas e impossibilitar que Dilma assumisse a presidência -, a imprensa mais uma vez recupera o histórico de influência do ministro junto ao PT.
 
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Visualiza-se um prévio mecanismo de pressionar o ministro a agir de forma "isenta", mesmo que a isso os jornais relacionem a incriminação sem sustentação dos petistas.
 
 
A reunião de Dias Toffoli com a presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (11), foi para apresentar a proposta de criação do Registro Civil Nacional, documento de identificação com chip emitido pela Justiça Eleitoral, um cartão que reuniria informações como os registros de nascimento, casamento, óbito e título de eleitor, com vistas à desburocratização e agilidade nos serviços.
 
Ao sair do encontro, foi questionado por jornalistas se a Operação Lava Jato e se a indicação do próximo ministro foram tratados na conversa, e o ministro negou.  “Essa agenda estava marcada há muito tempo e esse projeto estava feito há muito tempo. Tem uma portaria minha do ano passado instituindo esse grupo para apresentar o projeto. Já vínhamos dialogando”, disse Toffoli.
 
Como verificado, o resultado da negativa tomou outro viés e enfoque.
 
"O encontro do ministro com Dilma foi incluído de última hora na agenda oficial da presidente. Uma alteração foi divulgada às 8h30, para informar que a reunião seria às 9h. Já a agenda de Toffoli foi divulgada na noite de terça com o registro do encontro", confabulou a Folha
 
Já a conversa no mesmo dia do ministro Gilmar Mendes, também membro da Segunda Turma do STF, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos nomes investigados no esquema de corrupção da Petrobras, ganhou apenas chapéu (jargão no jornalismo para "tópico") dentro do texto de Toffoli na Folha.
 
 
Gilmar Mendes disse que foi discutir com o presidente da Câmara a tentativa de retomar projetos importantes que estão em discussão na Casa, como o abuso de autoridade. Curiosamente, assim que terminou a conversa, Cunha conversou com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Fernando Collor (PTB-AL), ambos também alvos da investigação no STF.
 
Por outro lado, o próprio jornal publicou com naturalidade, em sua coluna Painel, que convidou o procurador Regional da República, Deltan Dallagnol, integrante da força-tarefa da Lava Jato, conduzida pelo juiz Sergio Moro, e autor do polêmico pacote de ações sugerido pelo MPF de paralisação dos contratos das empreiteiras e empresas envolvidas, além da multa de R$ 4,5 bilhões. O procurador foi até a Folha de S. Paulo, que o recebeu em um almoço.

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