quinta-feira, 12 de março de 2015

Sobre as políticas monetárias e fiscais dos países centrais, por Diogo Costa

http://jornalggn.com.br/blog/diogo-costa/sobre-as-politicas-monetarias-e-fiscais-dos-paises-centrais-por-diogo-costa


INCERTO PANORAMA - Quantitative easing é uma política que os bancos centrais dos EUA, da Inglaterra, do Japão e da Europa tem utilizado a partir de 2008, como resposta ao Crash de setembro daquele ano.
É um afrouxamento quantitativo, que nada mais é do que os bancos centrais comprando dívidas públicas e privadas. O Estado assume as mesmas liberando o setor privado para emprestar mais dinheiro e fazendo, em tese, a economia girar.
A utilização dessa fórmula é feita quando as políticas monetárias e fiscais chegam ao limite, e também para evitar que a deflação destrua de vez as economias dos países e regiões já citados.
Em matéria de política monetária não há muito mais o que os EUA, o Japão, a Inglaterra e a Europa possam fazer, pois as taxas de juros estão próximas de zero faz muito tempo. Vejamos:
-Taxa de juros EUA: 0,25%;
-Taxa de juros Inglaterra: 0,5%;
-Taxa de juros Japão: 0,1%;
-Taxa de juros Europa: 0,05%.
Ou seja, não há mais como a política monetária, baseada apenas nas taxas de juros, auxiliar na recuperação econômica quando essas taxas estão no piso desde o estouro do Crash de setembro de 2008.
Principalmente quando a inflação, irrisória, ameaça se tornar uma deflação. Fenômeno que aconteceu no ano passado na União Europeia.
Sobra então a política fiscal, com medidas anticíclicas que favoreçam o emprego e a renda das pessoas. Mas para fazer política anticíclica é preciso ter dinheiro em caixa e o que se vê nos países centrais são homéricos déficits públicos.
O limite para medidas anticíclicas, com déficits públicos tão grandes, é evidente. Uma hora o orçamento estoura, a dívida pública cresce e não há como manter ad eternum essas políticas.
Justamente quando as políticas monetárias e fiscais não conseguem dar conta de reanimar a economia é que aparece o quantitative easing entrando em cena.
Na verdade o quantitative easing está em cena pelo menos desde 2008. Isso só ratifica a tese de que o Crash daquele ano é a maior e pior crise econômica da história, desde o famoso Crash de outubro de 1929.
Nos EUA o quantitative easing teve 03 fases. Começou ainda no governo de George W. Bush, em novembro de 2008 (em dezembro a taxa de juros caiu para 0,25% ao ano, patamar que não mudou mais até agora).
A fase número 03 acabou em outubro do ano passado.
Os EUA gastaram mais de US$ 4 trilhões com o quantitative easing nos últimos 06 anos.
O Banco Central Europeu, por sua vez, começou o programa de quantitative easing neste mês de março de 2015. O montante do programa é colossal, de aproximadamente 1,1 trilhão de euros - mais de R$ 3,3 trilhões - até setembro do ano que vem (o programa poderá ser renovado, se necessário for).
O Japão vai continuar com o seu quantitative easing, que consumirá anualmente a ''bagatela'' de US$ 750 bilhões.
Este é o cenário do mundo no pós Crash de 2008.
E é dentro deste turbilhão de quantitatives easings, de políticas monetária e fiscal no limite, de déficits públicos estrondosos e de guerra cambial, promovida em conjunto pelos países centrais, que Dilma Rousseff está tendo que se equilibrar.
Não é fácil e a superação dessa crise econômica mundial está ainda muito longe. Sorte que no caso brasileiro, diferente dos exemplos aqui verificados, a política monetária tem um imenso espaço para atuar.
O Banco Central norte-americano (FED) tem sinalizado com uma possível subida da taxa de juros neste ano. Taxa essa que está em 0,25% ao ano desde o fim do governo republicano de Bush (dezembro de 2008).
Uma alta nessa taxa de juros, mesmo que pequena, teria como impacto uma desvalorização mais forte do real. Isso traria pressões inflacionárias de curto prazo mas seria muito bom para a indústria brasileira, no médio e no longo prazo.

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