terça-feira, 10 de março de 2015

Renan Calheiros estaria liderando desvios da Petrobras para o PMDB do Senado

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Mais de 61% do montante total de “doações” a Renan Calheiros eram de empresas envolvidas nos desvios da Petrobras
Jornal GGN - Em troca de manter Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras, o PMDB de Renan Calheiros e Eduardo Cunha teria arrecadado uma parcela de propina nos contratos de empreiteiras com a Petrobras, da área que era, até então, somente comandada pelo PP. Além dos depoimentos, o MPF constatou que do montante total de “doações” destinadas ao presidente do Senado, mais de 61% eram de empresas envolvidas diretamente no esquema de corrupção da Petrobras.
No esquema envolvendo o Senado, a principal voz seria de Renan Calheiros, respaldado pelo deputado federal Aníbal Gomes.
O ex-diretor Paulo Roberto Costa contou que Aníbal “seria uma espécie de interlocutor de Renan” e que algumas reuniões para viabilizar as licitações de empreiteiras com a estatal, sob a condição de arremeter de 1% a 3% do valor total dos contratos aos partidos envolvidos (neste caso, o PMDB e o PP), ocorriam na casa de Renan Calheiros. Costa também disse que sabia que uma parcela da propina nos contratos da Transpetro eram destinadas ao senador.
Em uma dessas situações, o deputado Aníbal contou a Paulo Roberto que, se atendessem a uma solicitação do Sindicato dos Práticos de reajuste de remuneração da praticagem (profissão que realiza a manobra e o estacionamento de navios), o deputado e o senador receberiam um pagamento por isso. Dentro da área técnica da Petrobras, o assunto foi negociado, atendendo ao pedido do Sindicato.
Costa também disse que entre os anos 2007 e 2008, ele recebeu R$ 500 mil, em espécie, junto a José Sérgio de Oliveira Machado, ex-presidente da Transpetro, pela contratação da Petrobras de navios do sistema bareboat.
Nessas reuniões que ocorriam na casa de Renan Calheiros, participavam outros parlamentares. O senador Romero Jucá também é citado em encontros para oferecer apoio do PMDB à permanência de Paulo Roberto Costa na diretoria da Petrobras. A partir de então, encontros de Renan Calheiros, Aníbal e Jucá com Paulo Roberto Costa eram marcados para acertar contratos de obras de interesses dos senadores.
Junto ao TSE, o MPF identificou registros de doações da Camargo Corrêa, OAS, Engevix, Galvão Engenharia e UTC. Todas registradas legalmente, mas que os procuradores acreditam ser de propinas desses contratos. Em 2010, por exemplo, a UTC doou R$ 100 mil ao Comitê Financeiro Distrital para Senador da República (AL).
“Há se referir que o montante de doações recebidas pelo Diretório Nacional do PMDB no ano de 2010 totalizou R$ 85.442.504,46. O que ressai de importante ora destacar são as enormes quantias ‘doadas’ pelas maiores empresas participantes das fraudes e crimes no âmbito da Petrobras ao Diretório Nacional do PMDB para custeio, em princípio, dos gastos de campanha nas eleições do ano de 2010: R$ 32.775.000,00”, informou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Essa quantia corresponde a aproximadamente 40% do total das doações recebidas pelo PMDB.
O MPF também relaciona o estranhamento de o deputado Aníbal Gomes declarar ter R$ 1.300.000 em espécie, no encerramento do ano fiscal de 2010 - “aproximadamente 20% de todo seu patrimônio declarado”. “No ano de 2014, possuía R$1.805.000,00, que correspondia a quase 90% de seu patrimônio total declarado”, completa a petição.
Além da petição 5254, para apurar os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por Renan Calheiros e Aníbal Gomes, o presidente do Senado também é mencionado em outras petições (5260, 5276, 5277, 5279, 5281, 5289 e 5293) que o investigarão de integrar uma quadrilha.
Nesses inquéritos, é apontado pelo MPF a “forma cristalina a simbiose entre os grupos de políticos que comandavam o esquema ilícito implantado nas Diretorias da Petrobras”, no episódio entre os anos de 2005 e 2006, em que a bancada do Senado do PMDB “entrou em cena”, com os senadores Valdir Raupp, Renan Calheiros, Romero Jucá, e o ministro Edson Lobão, para manter Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da estatal.
“A partir de então, o PMDB passou a receber uma parcela das comissões relativas aos contratos da Petrobras”, cabendo ao lobista Fernando Soares, conhecido como Baiano, fazer as transferências financeiras.

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