sábado, 10 de outubro de 2015

Metais pesados e agrotóxicos são encontrados em água no Grande ABC

http://jornalggn.com.br/noticia/metais-pesados-e-agrotoxicos-sao-encontrados-em-agua-no-grande-abc


O Jornal de todos Brasis
Do ABCD Maior
Dados de captação da Sabesp na Billings foram expostos em audiência pública em Santo André
A presença de metais pesados e agrotóxicos foi encontrada na água já tratada da ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande, ou seja, na água que chega nas torneiras da população de São Bernardo, Diadema e 50% de Santo André. Os dados são de laudos da própria Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) ao qual a Defensoria Pública do Estado de São Paulo teve acesso, de acordo com o defensor público Marcelo Novaes, via Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). As informações foram apresentadas em audiência pública sobre contaminação de agrotóxicos em alimentos e água realizada nesta terça-feira (06/10), em Santo André.
“Estamos chegando a um ponto de quase não retorno com a água. E vale ressaltar que a Vigilância Sanitária não fiscaliza, ou seja, a Sabesp é quem fiscaliza a água que ela mesma entrega”, observou Marcelo Novaes, responsável pela investigação e divulgação dos dados da audiência pública.
“Jogamos todo tipo de imundície na nossa água, porque criou-se um mito de que lá na estação de tratamento toda a sujeira sai, que o cloro tira tudo. Mas isso não é verdade, os contaminantes químicos deixam resíduos”, revelou a engenheira química Sônia Corina Hess, professora e doutora da Universidade Federal de Santa Catarina, que analisou os laudos da Sabesp a pedido da Defensoria Pública de Santo André.
Nas amostras analisadas entre 2012 e 2015 na ETA Rio Grande, foram encontrados cádmio, chumbo, fluoreto, níquel, urânio, glifosato (agrotóxico), trihalometanos, alumínio dissolvido e surfactantes. A maioria está dentro dos níveis permitidos pela portaria 2.914, do Ministério da Saúde, que trata da potabilidade da água, apesar de prever o monitoramento de apenas 27 dos 467 agrotóxicos registrados no Brasil. Mas o chumbo apresentou níveis 40% acima do limite imposto pela portaria. “Esse mínimo de segurança não é segurança. São produtos químicos tóxicos e não sabemos o que essa mistura, em longo prazo, causa no nosso organismo, mesmo em pequenas quantidades”, argumentou Sônia.

SAÚDE

Apesar de o glifosato ser considerado um agrotóxico de baixa toxidade, se comparado com outros no mercado, pesquisas internacionais mostram que é potencialmente cancerígeno, além de causar diabetes, doenças cardíacas, depressão, infertilidade, mal de Alzheimer e mal de Parkinson.
“Hoje 43,8% do mercado brasileiro usam o glifosato, porque pouquíssimas pessoas sabem o quanto é perigoso”, revelou a professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
O defensor público explicou ainda que esse tipo de agrotóxico vai parar na água porque quando pulverizado para agricultura se infiltra do solo e atinge as águas subterrâneas, lençóis freáticos e mananciais. “Deveria ser proibido o uso de agrotóxicos próximo aos mananciais”, destacou Novaes.
Além do agrotóxico, os metais pesados como níquel, cádmio e trihalometanos (subproduto criado da mistura do cloro e esgoto) também causam câncer. “O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e, diante desses números, tende a aumentar”, comentou Sônia.
Outro dado que preocupou a engenheira química foi a presença de urânio na ETA Rio Grande. “É preciso investigar de onde está vindo isso. Até recomendo que sejam feitos os testes novamente, porque é muito grave”, afirmou. Já o chumbo causa danos aos rins, fígado, sistema nervoso, cérebro, órgãos reprodutores e na região gastrintestinal.
Procurada, a Sabesp não se manifestou até a postagem desta matéria.
Em nota, o Semasa esclareceu que a informação de que entregou laudos elaborados pela Sabesp à Defensoria Pública não procede. "A autarquia municipal informa que não produz análise da qualidade da água tratada no Sistema Rio Grande. Seguindo os parâmetros determinados pelo Ministério da Saúde, o Semasa atesta diariamente a qualidade da água entregue em Santo André pela companhia estadual, que é distribuída em 95% da cidade. Os relatórios elaborados mensalmente pelo Semasa, que demonstram a qualidade da água que chega aos moradores de Santo André, podem ser conferidos no site da autarquia. Os parâmetros adotados também estão impressos na conta de consumo do usuário", informa a nota.

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