Por Andre Araujo
O Brasil necessita de uma série de reformas e ajustes no aparelho do Estado e nas finanças públicas. Mas esses movimentos podem ser executados sem que seja preciso provocar uma recessão ainda maior na economia do País. Sem perder tempo com debates doutrinários de teses econômicas, há uma razão prática.
O BRASIL NÃO RESISTIRÁ A UMA RECESSÃO PROLONGADA E PROFUNDA, as tensões sociais e políticas não irão conviver com uma recessão induzida por uma política monetária de arrocho deliberado para travar a economia.
O ajuste fiscal irá subtrair poder de compra do Estado e diminuir renda da população. Isso será uma consequência necessária do ajuste, sem entrar na questão da sua lógica ou qualidade, que ao que tudo indica será ruim.
Só será possível cortar em INVESTIMENTOS PÚBLICOS e em GASTOS SOCIAIS. As demais despesas são ou incomprimíveis ou irredutíveis. Não há quase nada para cortar, exceto nesses dois itens, QUE AFETAM DIRETAMENTE OS SERVIÇOS QUE O ESTADO PRESTA Á POPULAÇÃO.
Então a queda de renda provocada pelo corte de despesas atingirá diretamente a população. Menos investimento significa menos transportes, saúde, educação e saneamento.
Menos gastos sociais significará menos dinheiro nas mãos da população. ESSA ECONOMIA será toda transferida. Vou repetir TODA A ECONOMI será transferida para os rentistas para pagar a alta dos juros da dívida pública.
NÃO FAZ NENHUM SENTIDO, não se está economizando nada, a conta adicional dos juros elevados é superior ao corte de quase R$ 70 bilhões. Está se transferindo recurso público de um lado, dos mais pobres, para outro, dos mais ricos.
Ao fim desse processo que pode durar anos, nada garante que o País vai crescer. O Plano não garante isso.
O crescimento só pode dar-se pelo INVESTIMENTO PÚBLICO, mas se está se cortando vai haver mais queda do PIB e não crescimento. Essa política é IRRACIONAL, não leva a ganho algum, MAS COM CERTEZA LEVA A GRAVES PROBLEMAS SOCIAIS E POLÍTICOS que a sociedade brasileira, no nível de tensão em que está, não suportará.
O Plano Levy é um projeto de escassa viabilidade social e política e sua lógica econômica não se sustenta.
Há um caminho mais racional: Fazer o ajuste fiscal e tolerar mais inflação, esticando o tempo para controlá-la.
A elevação dos juros básicos aprecia o Real prejudicando a indústria e a exportação. Se o Real se depreciar, por exemplo, para R$ 4 por dólar, aumenta um pouco a inflação, mas estimula a exportação e desestimula a importação, barateia os ativos de produção no Brasil o que atrairá mais investimentos úteis e não apenas especulativos.
Para depreciar o Real basta diminuir os juros, com a diminuição dos juros ficará mais interessante investir em produção.
O trade-off mais crescimento e maior tolerância à inflação segura o emprego e ameniza ou elimina a recessão.
Ajuste fiscal e arrocho monetário AO MESMO TEMPO é purgante demais e depois de certo ponto pode matar o doente.
Cortar INVESTIMENTO PÚBLICO é absurdo, o Brasil precisa de muita infraestrutura. Nem tudo pode ser objeto de concessão e programas de concessão levam tempo para organizar. O Brasil não tem muito tempo para segurar o emprego, as demissões tomam um Ímpeto próprio e a coisa pode ficar incontrolável.
Mais da metade da população brasileira está em NOVE REGIÕES METROPOLITANAS, grande parte nas periferias. As cidades PODEM EXPLODIR se o desemprego passar de certo ponto, a violência e o crime podem disparar, definitivamente RECESSÃO NÃO É SOLUÇÃO PARA O BRASIL.
A HISTÓRIA ECONÔMICA demonstra com abundancia de exemplos antigos e modernos que é MUITO MAIS FÁCIL ACABAR COM INFLAÇÃO DO QUE COM RECESSÃO. Com alguma inflação, mas COM EMPREGO o trabalhador sobrevive, MAS com baixa inflação e sem emprego o trabalhador NÃO SOBREVIVE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário