sexta-feira, 29 de maio de 2015

O engenheiro economista e o economista político

http://jornalggn.com.br/noticia/o-engenheiro-economista-e-o-economista-politico


Por André Araújo
Os engenheiros-economistas tornaram-se um fenômeno tão brasileiro como a feijoada.  São pessoas com formação em engenharia, normalmente de produção, mecânica, naval, elétrica e depois de graduados fazem um curso em nível de mestrado em economia. É algo bastante raro nos EUA e Europa. Lá o economista é uma formação específica e não um apêndice de outra profissão. Nos EUA a graduação em economics prepara o graduado para área de pesquisa econômica e não para negócios,  para a qual existe outra formação, o Business Administration. Aqui existia um adesivo da Ordem dos Economistas que se colavam nos carros tipo " Antes de de Fazer um Negócio consulte um Economista", o que seria incompreensível nos EUA, lá economista não é para isso, geralmente vão para o campo acadêmico ou governo, não para a atividade comercial.
Os engenheiros-economistas, caso de Joaquim Levy (engenheiro naval), Pedro Malan (engenheiro eletrecista) Mario Henrique Simonsen (me parece que civil) não tem a base humanística e política dos economistas de graduação pura, hoje esses engenheiros-economistas são os preferidos do sistema financeiro, especialmente do Itaú Unibanco, cujo fundador Olavo Setúbal era engenheiro, o modelo Itauú migrou para a maioria dos bancos coalhados de engenheiros.
O economista puro, se tiver boa escolaridade na área, geralmente tem uma visão com boa dose de ciências humanas e políticas, porque a economia é do grupo das ciências humanas e não das ciências exatas, mas o engenheiro-economista tem uma cabeça de engenheiro e não de economista, já escolheu engenharia por ser bom matematico, normalmente tem o viés de ciências exatas, são grandes calculistas e trabalham a economia como se estivessem fazendo um cálculo de concreto. Parece algo irrelevante mas é uma clivagem crucial. O engenheiro-economista é sempre um especialista em cálculos, por isso os bancos tem tanta preferência por esse tipo de profissional.
A visão política de um Roberto Campos, formado em teologia e direito e só depois fez mestrado em economia e Delfim, grande economista puro, de um Celso Furtado, formado em direito e só depois com mestrado em economia são visões muito mais sofisticadas do ponto de vista social do que a dos áridos engenheiros-economistas bons de cálculo.
A percepção é clara no discurso de Joaquim Levy. Não há na sua narrativa NENHUM fiapo de preocupação social.
Na sua formação, especialmente da segunda fase na Universidade de Chicago, não há espaço para indagações políticas e sociais, se o desemprego é 7% ou 20%, são apenas números de cálculo, não vidas, almas, sofrimento, resistência, atrás desses números, são apenas números, tais como arrecadação e superávit, não há nada.
O tempero dessa visão fria tem que ser dado por outro poder, porque se não temperar o engenheiro-economista leva o barco ao fundo com o mais perfeito dos cálculos, fazendo o que Levy está executando, o que pode resumir-se, preparar o Brasil para os tucanos assumirem com a casa arrumada em 2018, não precisa explicitar porque esse é o resultado politico do ajuste fiscal somado ao arrocho monetário, algo que não aparece na planilha do Ministro.
No caminho do ajuste fiscal com aperto monetario está a liquidação do capital politico do PT, até um cego vê.

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