Do Tijolaço
por Fernando Brito
Não apenas houve o esperado veto de Dilma Rousseff ao financiamento privado de partidos e de campanhas eleitorais como, para desgraça de Eduardo Cunha, ficaram mais distantes as suas possibilidades de manipular o desejo da maioria dos deputados pelo restabelecimento da possibilidade de receberem doações de empresas.
Com a negativa de Renan Calheiros de colocar em votação o veto presidencial na mesma sessão prevista para amanhã, Cunha perde a possibilidade de ter uma sessão “cheia” para a tentativa de, pelo menos, marcar posição com uma possível maioria pela derrubada do veto, mesmo que isto não prevalecesse, ante a falta de maioria no Senado, o que é indispensável para a derrogação da manifestação da Presidenta.
Agora, Cunha anuncia que tentará obstruir a própria sessão do Congresso, convocando seguidamente sessões da Câmara, amanhã, para inviabilizar a realização da sessão do Congresso que, regimentalmente, tem de se dar no plenário da Câmara, após o encerramento da sua sessão.
Parece brincadeira de meninos, não é? Mas Cunha agora é quem terá de sustentar “casa cheia” para levar adiante seu plano de boicote à votação dos vetos. Porque, iniciada a “ordem do dia” – e Cunha não pode postergar isso indefinidamente – será possível pedir verificação de quórum e derrubar a sessão.
Amanhã cada lado começa a mostrar o tamanho de suas forças e preparar a batalha do impeachment.
Vai ser um dia de “guerra”, a menos que Cunha recue, por incerteza do resultado, que a gente vai tentar acompanhar aqui.
E, enquanto a briga prossegue por lá, claro, o mercado vai fazendo a sua parte para manter o clima de desconfiança, com mais um dia de altas e quedas de bolsa e dólar.
E o povo, nessa, vai dicando atônito, olhando o “vossa excelência para cá, o vossa excelência pra lá”, sem que ninguém lhe diga o que está em jogo.
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