
Semanas atrás dizíamos aqui que havia duas saídas possíveis da crise: Dilma com Michel Temer; ou Michel Temer sem Dilma.
De lá para cá reduziu-se imensamente a alternativa Dilma com Temer, devido à insuperável incapacidade de Dilma de analisar a conjuntura política, assim como a conjuntura jurídica, assim como a conjuntura econômica.
A popularidade do presidente é um imã que atrai toda sorte de apoio político, porque será uma das âncoras para a reeleição dos parlamentares.
Quando o presidente perde a popularidade, perde influência na base de apoio. Tem que agir com presteza, então, para entregar os anéis, poupando os dedos.
Para recompor com o PMDB, Dilma tinha dois trunfos fortes. O primeiro, o ex-presidente Lula, que conta com a confiança dos caciques do partido. O segundo, o vice-presidente Michel Temer, que representa a face mais responsável do PMDB.
Chegando a esta conclusão, o próximo passo para remontar o pacto político é conferir poderes amplos a Temer, que passaria a ter linha direta com a presidente, aconselhando-a em todos seus passos e prestando contas e ela de todos seus atos.
Nada disso ocorreu. Não é momento para acusações. Mas é evidente que um dos principais componentes da crise atual foi a teimosia de Dilma em manter Aloisio Mercadante e José Eduardo Cardozo nas duas áreas mais críticas do jogo político: a interlocução com o Congresso e com o sistema judiciário.
Dilma terá que administrar simultaneamente três desafios: ajuste econômico, recomposição da base e desalento dos empresários e dos movimentos sociais. Suas duas principais âncoras - Lula e Temer - não parecem mais acreditar sequer na sua capacidade de avaliar riscos.
Com o incêndio lavrando, a tática de colocar assessores e Ministros correndo atrás do baixo clero do Congresso, para um tete-a-tete é tão improvisada quanto as cabeças em torno da CPMF.
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