quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O discurso de Jandira Feghali na defesa de Dilma

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O Jornal de todos Brasis
"Primeiro um operário, agora uma mulher. Insuportável para vocês", disse a deputada, apontando a motivação do pró-impeachment, e anunciou: "Guerra é guerra!"
 
 
Jornal GGN - A deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff, na sessão plenária da Câmara desta terça-feira (15), em discurso após o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmar que vai "até o final para cassar essa mulher que não devia chegar à Presidência", referindo-se à Dilma.
 
Em mais de oito minutos, Feghali anunciou guerra à oposição radical, que defende o impeachment da presidente. "A luta política está colocada. Guerra é guerra! E guerra na política significa arregimentar forças, ter a convicção, porque a luta é nas ideias, não é nas armas mais não", disse, dirigindo-se à Bolsonaro, e completou afirmando que não tem medo e que não vai se calar.
 
Jandira Feghali frisou a defesa de se respeitar a biografia de Dilma e do ex-presidente Lula, o que segundo ela é "insuportável" para a oposição o fato de "primeiro um operário, agora uma mulher" no comando do país. 
 
"Dilma Rousseff tem uma biografia muito melhor do que muitos que aqui levantam a posição do impeachment. Aliás, tem muitos investigados e denunciados aqui, que não deveriam ter coragem de levantar essa placa, de confrontar a história e a honestidade da presidenta. E, muito menos, por trás disso, tentar atingir a imagem do ex-presidente Lula", disse. "O ex-presidente é um homem honrado, foi o melhor presidente que esse país já teve! E vocês não suportam, vocês não suportam a ideia de que Lula não tenha que responder a nenhum delito, isso para vocês é insuportável!", defendeu.
 
 
 
Leia a íntegra do discurso da deputada no Plenário da Câmara, nesta terça (15):
 
Jair Bolsonaro: Eu vou até o final para cassar essa mulher que não devia chegar à presidência.
 
Jandira Feghali: Em primeiro lugar, eu quero repelir as acusações ao deputado que teve todas as acusações arquivadas e sua inocência provada. Isso significa que, de fato, este Congresso se rebaixou politicamente, ao tentar utilizar esse tipo de argumento. E não adianta que o conforto do deputado Bolsonaro, de representar aqui os torturadores, e que nunca quiseram ouvir a voz dos comunistas, só que enquanto tivermos democracia em votos, comunistas vão falar nessa Casa.
 
Segundo lugar, presidente, é a segunda vez que vou recolocar aqui que quem faz política tem lado. E, nesse momento, a primeira referência nossa de lado é a democracia brasileira. A democracia brasileira admitiu, depois de muita luta, de muita morte, de muito suor, de muita tortura, de muitos agentes de Estado que torturaram e mataram, a democracia não admite mais tribunal de exceção. Não admite mudanças de paradigmas para o julgamento de agentes do Estado. Não admite, nesse momento, em nenhum delito da presidência da República, que algo seja imputado a ela. 
 
Essa questão de ordem que aqui não deveria ser admitido, e foi, é mais do que um sinal de sensatez ou ética, é um sinal de desespero. Vocês querem de todo o jeito acelerar um processo que não tem condição de ser acelerado. Porque não há base técnica, jurídica e nem política para que essas coisas aconteçam. O outro lado que nós temos aqui, para além da democracia, é o lado do projeto. 
 
A presidente Dilma Rousseff é de fato uma biografia invejável. Uma mulher de combate, uma mulher séria, guerreira, que não sucumbiu aos torturadores, e que hoje está na Presidência da República pelo voto popular. Isso de fato incomoda muito. Mas incomoda também o projeto que ela representa, que é o projeto de mais Estado, mais políticas públicas, de não privatização de órgãos públicos importantes como a Petrobras, de aumento do emprego, de aumento de renda, que é um processo que nós vamos ajudar a construir esse país. 
 
Primeiro um operário, agora uma mulher. Insuportável para vocês, insuportável.
 
E eu aqui não me dirijo à toda oposição. Porque dentro dela há pessoas sensatas, que tem história democrática nesse país. Me dirijo a esse setor mais radicalizado, mais angustiado, que não consegue tolerar a divergência e a democracia. 
 
De fato, tentar emplacar agora um processo de impeachment não tem outro nome, é golpe. Se vocês dizem "xô CPMF", a gente diz "xô, golpe". Porque aqui dentro não passará e nas ruas muito menos. Não se enganem com pesquisas de opinião, de apoio de 7%. As pessoas podem estar insatisfeitas com o problema do emprego, de uma economia em crise, mas quando se fala de democracia, o Brasil não aceitará intervenção militar ou qualquer tipo de golpe. Porque isso não faz parte da história democrática brasileira. 
 
Não existe mais tradição, família e propriedade. Aliás, tentaram agora reeditar. Quando eu vi o editorial da Folha de S. Paulo na capa do jornal, coisa que há muitos anos não se vê, um editorial que dá um ultimato à presidenta: ou é a minha agenda, ou saia do poder. Nós fomos buscar o Correio da Manhã do golpe de 64. O editorial também veio para capa para ameaçar João Goulart. E eu gostaria que vocês se mirassem não em 64, mas em 61 na campanha da legalidade, que foi a hora que o povo se levantou para obrigar a posse de João Goulart, o que era democraticamente justo. Aliás, Brizola faz falta num momento como esse. 
 
E digo mais, nós aqui não temos nenhuma dúvida de que nenhum processo andará, porque é um processo da política e é um processo técnico-jurídico. Eu sei que muita gente da oposição, que saiu do Centrão na Constituinte Federal e formou o PSDB tinha lá, de fato, e muitos já citaram, o Mário Covas. Aliás, o busto de Mário Covas está na entrada deste prédio. Alguns aqui não deveriam olhar para ele, porque é desrespeitar de fato a história de Mário Covas o discurso golpista que parte do PSDB faz na Casa e neste Plenário. 
 
Eu tenho muita confiança, muita convicção, de que esse processo vai ser superado. Porque aqui, o que o Brasil quer de nós, não é uma atitude responsável. Atitudes golpistas que não responde a um dos pilares da democracia que é o Parlamento brasileiro. Se nós não respeitarmos a democracia aqui, quem respeitará mais?
 
Nós queremos o que? Fechar esse Congresso? Nós queremos ganhar o povo com as atitudes mais antidemocráticas? Por que não aceitar o resultado das urnas? A eleição acabou, a eleição acabou minha gente. Dilma está eleita, como Lula foi eleito. A eleição se extinguiu, aceitem o resultado! Parem de gritar e espernear, pela soberania popular do voto!
 
Nós precisamos agora é realçar as biografias políticas e a contraposição de projetos. Dilma Rousseff tem uma biografia muito melhor do que muitos que aqui levantam a posição do impeachment. Aliás, tem muitos investigados e denunciados aqui, que não deveriam ter coragem de levantar essa placa. Não deveriam ter a coragem de confrontar a história e a honestidade da presidenta Dilma Rousseff. 
 
E, muito menos, por trás disso, tentar atingir a imagem do ex-presidente Lula. O ex-presidente é um homem honrado, foi o melhor presidente que esse país já teve! E vocês não suportam, vocês não suportam a ideia de que Lula não tenha que responder a nenhum delito, isso para vocês é insuportável!
 
Sabe por que? Porque ele não saiu das escolas privadas, não saiu do berço de ouro, ele saiu do chão da fábrica! Isso para vocês é insuportável! E não adianta tentar calar, porque eu não vou me calar, eu não tenho medo de vocês.
 
Aqui, cada vez mais se mostra que a expressão da elite não suporta a ideia de que um operário governou bem esse país. Foi elogiado no mundo inteiro, teve relação com o mundo inteiro, e mudou uma estratégia de não submissão aos Estados Unidos, mas de uma rearticulação estratégica com os países da África e da Ásia. Vocês não suportam. Se não, teríamos até hoje a ALCA submetendo este país a todas as vontades econômicas, culturais e de patentes dos Estados Unidos. 
 
Não tem nada a ver. Vocês, radicais, porque eu não estou falando para todo mundo, repito, acho que tem muita gente honrada, nesse canto aí do Plenário. Vou dizer a vocês o seguinte: a luta política está colocada. Guerra é guerra! E guerra na política significa arregimentar forças, ter a convicção, porque a luta é nas ideias, não é nas armas mais não, viu? Agora é nas ideias, na mobilização popular e na vitória da democracia brasileira! Golpe não! Impeachment não! Nossas armas estão na luta popular, e nós iremos fazê-la com altivez, dignidade e convicção. 
 
Se querem apurar os crimes, apurem de todos. Porque enquanto o senhor Aécio Neves, enquanto o senhor Anastasia, enquanto o senhor Aloysio Nunes são citados, não tem manchete no jornal. Precisa ter! Que se apure tudo, e que se defenda a democracia!

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