TER, 25/08/2015 - 17:35
Em 2012 o presidente Xi Jinping deu início a uma campanha anticorrupção com efeitos similares à Lava Jato. A campanha despertou receios e atribui-se a ela o engessamento das decisões no país. As autoridades temem tomar qualquer decisão e enfrentar acusações criminais.
Os críticos acusam a campanha de ser uma estratégia de poder. Os defensores sustentam que a intenção é reformar o Estado chinês aproximando-o mais da economia e da sociedade.
O que está ocorrendo por lá é uma Lava Jato de tamanho chinês, com claros objetivos políticos.
A campanha já levou para a prisão Guo Boxiong, o ex-todo-poderoso general do Exército Popular de Libertação da China, membro do Estado Maior. Guo foi expulso do Partido Comunista e entregue aos promotores militares que o processam por corrupção, inclusive acusando-o de receber propinas de colegas em troca de promoções. Antes dele, fora preso o general Xu Caihou, outro integrante do Estado Maior.
Com as acusações, matam-se dois coelhos, o subornado e os generais subornadores.
Desde fins de 2012, já foram presos 39 generais. E houve um enquadramento severo do EPL ao Partido Comunista Chinês e à autoridade de Xi.
Segundo especialistas do Project Symdicate, faltaria a Xi uma base de poder institucional. Daí a relevância de enquadrar o PLA.
Após a repressão de Tiananmen, em 1989, o ex-presidente Jiang Zemin tornou-se Secretário-geral do Partido Comunista e contou com funcionários leais, em Xangai, para garantir a governabilidade. Depois, cooptou outras facções.
O sucessor de Jiang, Hu Jintao, veio da Liga da Juventude Comunista, cujos alunos distribuem-se por todos os escalões do partido.
O poder de Xi está em construção, daí a importância do apoio do PLA.
A maneira encontrada foi substituir os principais generais, valendo-se do álibi da anticorrupção.
De certa forma – lembra Richard Hass, ex-diretor de Planejamento de Políticas do Departamnento de Estado dos EUA – seguiu o exemplo de Nikita Krushchev em 1964. Kruschev foi deposto por um golpe palaciano patrocinado pela KGB, mas o Exército Vermelho reverteu a manobra.
Xi também é um crítico da maneira como a ex-URSS se abriu ao mercado. Para evitar a repetição do erro, Xi tem imposto um forte controle ideológico e reduzido os graus de liberdade do país, inclusive impondo controle sobre a Internet.
A última peça da estratégia de Xi é uma política externa mais agressiva. Esse é o álibi para a campanha de “purificação” do Exército.
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