QUI, 10/09/2015 - 15:37
ATUALIZADO EM 10/09/2015 - 16:21
Do Adital
O genocídio da juventude negra invisibilizada pelas lentes da grande mídia, o modelo de organização do Estado que está a serviço da burguesia e o monopólio dos meios de comunicação, são temas que estamparam faixas e cartazes das manifestações que ocuparam, nesta segunda-feira, 07 de setembro, as ruas de todo o país, no Grito dos Excluídos e Excluídas 2015.
Para Dom Pedro Luís Stringhini, vice-presidente do Regional Sul 1 (São Paulo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), "neste momento de crise, é importante saber de que lado estamos. Pode-se estar com o povo ou com aqueles que querem retroceder. Nós não estamos do lado do quanto pior melhor, nem daqueles que não aceitam o resultado das eleições”, disse.
Os movimentos que compõem o Grito reconhecem os avanços sociais na última década, mas ressaltam que a onda de retrocesso em curso no Congresso Nacional, que tem afetado os direitos da classe trabalhadora como um todo, é o modelo de desenvolvimento que alimenta a burguesia; que extermina os povos das comunidades tradicionais, os jovens negros e pobres das periferias; violenta as mulheres e crianças, e inviabiliza as relações nos territórios.
Para o jornalista Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a imprensa cumpre um papel no mínimo perigoso ao exaltar a cobertura de manifestações conservadoras, que pedem o golpismo, a ditadura e perpetuam a discriminação. "A mídia também poderia ajudar no combate à violência, mas o que faz é estimular o consumismo e os piores instintos dos seres humanos, com programas policialescos e coberturas omissas de casos, como a recente chacina em Osasco [Estado de São Paulo], em que foram mortas 19 pessoas”, afirmou.
Com esta edição, o Grito dos Excluídos e Excluídas, mais uma vez, se afirma como um processo, como uma alternativa viável para todos e todas que são afetados, cotidianamente, por injustiças e que lutam por um mundo mais justo. "Este dia 07 de setembro de 2015 foi um ponto culminante das manifestações populares que, desde o dia 1º de setembro, ocuparam ruas, avenidas e praças pelo Brasil. E elas não param aí. Movimentos populares, em diversas cidades, realizarão seus Gritos por justiça social e direitos ao longo desta semana semana e dos próximos meses. Assim, vai se fortalecendo o processo de mobilização, de organização popular reivindicando a dignidade da pessoa humana e fazendo soar ainda mais forte o tema da maior manifestação popular do Brasil: vida em primeiro lugar”, assinala a organização do Grito.
Confira as ações que aconteceram em todo país.
São Paulo
Em São Paulo, na capital, cerca de 10 mil pessoas saíram em caminhada da Praça Oswaldo Cruz, passando pela Assembleia Legislativa de São Paulo e seguiram rumo ao Monumento das Bandeiras, no Parque do Ibirapuera. Já na Praça da Sé, Centro da cidade, cerca de 300 pessoas de movimentos populares, pastorais e centrais sindicais se reuniram em um ato que lembrou a morte de Francisco Lima, morador de rua que foi morto na última sexta-feira, 04, ao tentar defender uma mulher que era mantida refém nas escadarias da igreja. Luiz Antônio da Silva, que mantinha a refém, também foi morto na ação pela Polícia Militar. Os manifestantes terminaram o ato com um abraço simbólico à catedral, lembrando que os mortos dali são vítimas do mesmo sistema. Em Aparecida, no Vale do Paraíba, cerca de 10 mil pessoas participaram no Santuário Nacional de Aparecida, neste dia 07. Os militantes reivindicaram maior participação popular e democratização da mídia.
Paraná
O Grito dos Excluídos em Curitiba reuniu cerca de 200 pessoas na Igreja Nossa Senhora do Rosário do Belém, no bairro Centenário. O ato seguiu até a Vila São Domingos, onde há mais de 800 famílias que lutam pela regularização de suas moradias.
Alagoas
Mais de 500 pessoas ligadas a movimentos sociais, pastorais, entidades e partidos marcharam em Maceió, seguindo o desfile oficial de 07 de setembro. Ao final do ato, o governador Renan Filho (Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB) foi ao meio do povo ouvir as reivindicações de ampliação de direitos, de abertura de negociações com os professores grevistas e de paz nas favelas, além de justiça para o Caso Davi, jovem morto há um ano por policiais.
Distrito Federal
Em Brasília, movimentos sociais, sindicatos e demais coletivos se articularam para a realização da manifestação do Grito dos Excluídos, que se iniciou às 8h, na Catedral Metropolitana, no Plano Piloto de Brasília. "O objetivo é expor e colocar em debate os reais problemas que afetam o povo, então, diante dessa crise política, econômica, social e ambiental em que vivemos, movimentos sociais, coletivos e sindicatos estão organizados e mobilizados para darem uma resposta propositiva para essa crise, no sentido de melhorar a vida do povo e dar voz aos excluídos e excluídas”, ressaltou Fábio Miranda, membro da coordenação do Grito no DF.
Rio Grande do Sul
Em Porto Alegre cerca de 250 pessoas participaram do 21º Grito dos Excluídos. A concentração começou na Rótula das Cuias, e os militantes seguiram em caminhada até a Usina do Gasômetro, no Centro Histórico.
Minas Gerais
Em Belo Horizonte (MG), cerca de 600 pessoas se concentraram na Praça Raul Soares e de lá seguiram em marcha até a Praça Sete, no Centro da capital.
Bahia
Em Salvador, na Praça do Campo Grande, 20 mil pessoas de movimentos sociais, pastorais, sindicatos e demais coletivos se articularam para a realização da manifestação do Grito dos Excluídos. Os militantes denunciaram o genocídio da população jovem e negra, pediram atenção especial à economia solidária, e ao quilombo Rio dos Macacos, comunidade quilombola que há décadas luta pela regularização da área.
Roraima
Em Boa Vista, capital de Roraima, representantes de 50 entidades participaram da mobilização deste 07 de setembro. A concentração teve início por volta das 9h, na Praça Oswaldo Cruz, bairro da Boa Vista. De lá, os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Conde da Boa Vista até a Praça do Carmo, onde um ato público aconteceu a partir das 13h.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, cerca de 100 pessoas de movimentos sociais saíram em passeata pela Avenida Presidente Vargas, no Centro da cidade. A concentração começou às 9h na Rua Uruguaiana e a caminhada seguiu até a estátua de Zumbi dos Palmares. A manifestação contou com a participação de movimentos feministas, negros, indígena, de juventude, por moradia, educação, comunicação popular, sindicalistas, classistas e partidos de esquerda.
Pernambuco
Marchando pelas principais ruas e avenidas do Recife, cerca de 3.500 pessoas gritaram em defesa da democracia, da ética na mídia, pela melhoria e mais investimentos no Sistema de Saúde Pública (SUS), por mais educação, Reforma Agrária, demarcação de terras indígenas e direito à cidade. Movimentos sociais, pastorais sociais da Igreja católica, sindicatos, grupos de jovens, mulheres e indígenas gritaram também pela prevenção e o combate à violência contra os jovens, contra as mulheres, e contra a violência policial.
Pará
Cerca de 500 marcharam pelas ruas da capital, Belém. Os manifestantes pediram o fim do extermínio da juventude e da violência contra mulher. Durante o trajeto, os manifestantes pararam enfrente à Rede Globo e pediram pela democratização dos meios de comunicação.
Goiás
Em Goiânia, 150 pessoas se reuniram em um seminário, que contou com a participação de moradores das periferias da cidade. O evento debateu os principais temas do 21º Grito os Excluídos.
Mais informações:
Nenhum comentário:
Postar um comentário