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- 29 junho 2015
Mercados financeiros de todo o mundo reagiram apreensivos ao primeiro dia de bancos fechados e imposição de controles de capital na Grécia.
Nesta terça-feira vence uma parcela de 1,6 bilhão de euros que Atenas deve pagar ao Fundo Monetário Internacional, mesmo dia em que o atual pacote de resgate ao país chega ao fim.
Há temores de que a Grécia tenha que decretar moratória e que até mesmo seja forçada a deixar a zona do euro.
Veja abaixo cinco perguntas e respostas sobre a crise grega e outros países que já passaram por problemas semelhantes.
1. Qual foi a primeira moratória da história?
Economistas dizem que a própria Grécia foi o primeiro país a dar calote de forma registrada, no ano 377 antes de Cristo, quando uma dezena de polis - cidades gregas - decidiram não cumprir com suas obrigações financeiras.
Desde então, o destino financeiro dos gregos tem sido cíclico: deixaram de pagar suas dívidas em várias ocasiões.
2. Dar calote é algo extraordinário ou comum?
Antes do século 19, as moratórias ocorriam majoritariamente por eventos extraordinários, como guerras e revoluções. Mas, desde então, estão mais vinculadas a problemas financeiros.
Os economistas Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart, da Universidade de Harvard, têm contabilizado as moratórias de dívidas soberanas (declaradas por Estados) de 1800 até a década de 2000.
Eles contaram cerca de 250 moratórias em 200 anos - ou seja, uma média de mais de uma por ano.
A conclusão, disse Rogoff à BBC Mundo - o serviço em espanhol da BBC - é que os defaults são inerentes à economia global e não são tão raros como alguns países centrais, economistas ortodoxos e veículos de imprensa fazem parecer.
3. Quais os países que mais deram calote?
Considerando-se uma moratória como uma crise de dívida externa produzida por instabilidade política, guerras e revoluções, historiadores econômicos consideram que o pior devedor da história é a Espanha.
O país teve 14 crises relacionadas com compromissos financeiros desde 1800, segundo estudo compilado por Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart, da Universidade de Harvard, e outros investigadores como o economista Miguel Ángel Boggiano, da Universidad de San Andrés, em Buenos Aires.
Boggiano disse que, neste ranking, default e reestruturação são considerados fenômenos similares.
Os que mais deram calote | |
---|---|
Países | Calote ou reestruturações |
Espanha | 14 |
Venezuela, Equador | 11 |
Brasil | 10 |
França, Costa Rica, México, Perú, Chile, Paraguai | 9 |
Argentina, El Salvador, Alemanha (incluindo Prússia, Hesse, Schleswig-Holstein e Vestfália) | 8 |
Colômbia, Uruguai, Portugal | 7 |
EUA, Bolívia, Turquia, Rússia, Grécia, Império Austro-Húngaro | 6 |
Nigéria | 5 |
4. Qual o maior calote na história?
O não-pagamento de cerca de US$ 95 bilhões pela Argentina em 2001 é considerada por economistas como Jill Hedges como o maior default soberano da história.
No entanto, alguns especialistas afirmam que o maior calote dos últimos tempos foi da própria Grécia em 2010, quando o país europeu, fortemente atingido pela crise financeira de 2008, chegou a um acordo com detentores de bônus para pagar-lhes US$ 138 bilhões a menos do que devia.
Tratou-se de uma reestruturação ocorrida sob supervisão da União Europeia e o FMI.
Em todo caso, economistas dizem ser difícil falar em "maior calote da história" já que é complicado comparar cenários do passado, com moedas cujos valores são difíceis de serem atualizados.
5. Há países com histórico impecável de pagamento de suas dívidas?
Há poucos países que nunca deixaram de pagar suas dívidas ou tiveram que reestruturá-las.
Entre eles estão Suíça, Bélgica, Noruega, Finlândia, Coreia do Sul, Cingapura e Nova Zelândia.
Países como Estados Unidos, Grã-Bretanha e Alemanha, apesar de não terem um histórico totalmente limpo, são considerados "confiáveis" pelos mercados internacionais.
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