terça-feira, 14 de julho de 2015

Representante de Renan Calheiros, Aníbal Gomes recebia a propina, diz Costa

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Novo depoimento do ex-diretor da Petrobras reafirma a influência do presidente do Senado no esquema de corrupção da estatal
 
Jornal GGN - O deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) teria trabalhado a mando do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como negociador de valores de propinas em contratos da Petrobras. A informação é de depoimento do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, nesta segunda-feira (13). Segundo Costa, Calheiros era quem dava a sustentação política para que ele continuasse como diretor da Petrobras.
 
Costa disse que o presidente do Senado nunca negociou propina junto às empreiteiras e, por isso, enviava o deputado federal aos encontros. "O senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros. O Aníbal Gomes, sim", disse.
 
Os dois parlamentares teriam recebido uma parte da propina de fraudes na Petrobras. "Quem lhe dava sustentação política no PMDB? Não vi o senhor mencionar", questionou o advogado da OAS, presente na audiência. "É porque o senhor já constou de outros depoimentos. Senador Renan Calheiros era um dos que dava sustentação política", respondeu Costa. "O senhor negociava com ele também valores, propinas, comissionamento?", perguntou o criminalista Edward Rocha de Carvalho. "Não. Não, com ele não. Mas ele tinha um representante lá, um deputado, Aníbal Gomes, que em algumas vezes negociou comigo isso", disse o ex-diretor.
 
Acompanhe o trecho, a partir de 17 minutos:
 
 
A afirmação já havia sido divulgada, parcialmente, em outro depoimento de Costa, no início de fevereiro à equipe da força-tarefa da Lava Jato. O ex-diretor foi claro ao afirmar que o deputado Aníbal ficou devendo R$ 800 mil para ele, quantia prometida para que ele ajudasse o Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e Contramestres em Transportes Marítimos a resolver um impasse com a Petrobras.
 
No diálogo de fevereiro, em que pouco cita Renan Calheiros, Costa informou que Aníbal o procurou para agilizar o processo e que, com isso, ficou devendo a ele R$ 800 mil. "Só que ele nunca me deu esse valor. Ele me passou a perna", havia afirmado o ex-diretor, completando que Aníbal Gomes "estava representando" o senador peemedebista.
 
"Obviamente que se a minha parte era R$ 800 mil, a parte dele era muito maior”, disse Costa. "Quando ele [o deputado] falou que R$ 800 mil era para mim, o restante era para o grupo deles. Ele não me falou 'Renan', mas eu subentendi", explicou o ex-executivo.
 
 
Na ocasião, o deputado Aníbal respondeu, em nota oficial, que não tinha relação no caso, mas confirmou os estreitos laços com Renan. "O senador Renan Calheiros é meu companheiro de partido e uma das nossas principais lideranças, o conheço desde o meu primeiro mandato, que se iniciou em 1995. (...) Rodrigo Calheiros, filho do Senador Renan trabalhou em meu gabinete de 2008 a 2011, como assessor parlamentar", disse.
 
Renan Calheiros e Aníbal Gomes são alvos de uma mesma petição (Pet 5254) encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, Janot descreveu as informações do doleiro Alberto Youssef, sobre o papel do PMDB e do PP no esquema de contratos da Petrobras.
 
É trecho do documento:
 
 
No mais recente depoimento à Justiça Federal do Paraná, Costa complementa as informações, assumindo que sua gestão junto à Petrobras "era compartilhada entre o PP e o PMDB". 
 
Resposta
 
Em nota oficial, o senador disse que "suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores nunca ultrapassaram os limites institucionais" e que "jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome". "Digno de registro também é a contradição, já que nos depoimentos anteriores o delator sempre negou ter tratado de projetos e valores com o Senador Renan Calheiros", completou. Aníbal Gomes negou as acusações e afirmou que não entregou e nem prometeu recursos para ninguém. 
 
Leia a petição 5254, encaminhada por Janot ao ministro Teori Zavascki, com as denúncias envolvendo Renan Calheiros e Aníbal Gomes:
 

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