SEX, 17/07/2015 - 18:05
ATUALIZADO EM 17/07/2015 - 20:29
Reportagem do Valor coloca a recondução de Rodrigo Janot à Procuradoria Geral da República como motivo de estopim para o impeachment
Jornal GGN - Alvo da Operação Lava Jato, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) pode ser objeto de um pedido de afastamento da presidência da Câmara por fazer uso do cargo para tentar prejudicar as investigações sobre esquemas de corrupção na Petrobras.
"Atrapalhar investigação por meio do cargo é razão suficiente para afastar Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Vejam o Código do Processo Penal: Art. 319, inciso VI: suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais", apontou o cientista político e um dos organizadores do Manchetômetro, João Feres Júnior.
Nesta sexta-feira (17), Cunha reuniu a imprensa para anunciar seu rompimento definitivo com o governo Dilma Rousseff. Ele indicou como motivo para ter tomado a decisão, à revelia do PMDB, ter a "convicção" de que o Planalto pressionou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para obter novos depoimentos complicando ainda mais sua situação diante do Supremo Tribunal Federal. Há semanas, Cunha vem atacando Janot diretamente, tentado desqualificar o chefe do Ministério Público Federal.
O vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PSC), disse que Cunha não tem condições morais de continuar na presidência da Casa e que deveria, portanto, dar o exemplo e se afastar até a conclusão da Lava Jato. Costa afirmou ainda que irá consultar juristas sobre a viabilidade de um pedido de impeachment do peemedebista.
O PSOL, que já é autor de um requerimento que pede afastamento de Cunha da Mesa Diretora, divulgou que pedirá apuração rigorosa das denúncias de Julio Camargo contra o presidente da Casa. O lobista disse que Cunha cobrou dele, pessoalmente, cerca de 5 milhões de dólares em 2011, referente a um contrato da Samsung com a Petrobras.
Acuado, Cunha ainda revelou que tem ouvido nos corredores da Câmara, de "parlamentares petistas", que a próxima ação de Janot será entrar com uma medida cautelar para que ele seja destituído da Mesa Diretora. Essa informação circula pelo Congresso pelo menos desde maio.
Reportagem publicada pelo Valor no último dia 13 mostra que um grupo de políticos ligados a Cunha vem elaborando um "calendário do impeachment". Em síntese, o estopim da crise de Dilma com o Congresso estaria programado para acontecer em setembro, caso a presidente da República decida dar um novo mandato a Janot frente à PGR (leia mais aqui). O processo de impedimento de Dilma depende da vontade de Cunha em colocar o pedido em votação.
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