SEG, 15/06/2015 - 13:11
ATUALIZADO EM 15/06/2015 - 14:13
Jornal GGN - A condução da CPI da Petrobras - que vem funcionando a reboque das páginas de jornais sobre a Operação Lava Jato - foi criticada pelo deputado federal Jorge Solla, do PT da Bahia, que disse, em nota à imprensa, que os membros da comissão têm atuado como "gangsters". Na visão do petista, a CPI tem "envergonhado" o Congresso ao blindar políticos do PSDB, DEM e PMDB, ao mesmo tempo em que se esforça para desgastar ainda mais a imagem do PT e do Planalto.
Na semana passada, a CPI da Petrobras aprovou uma série de requerimentos que agradaram a oposição ao governo Dilma Rousseff. Entre eles, a quebra de sigilo do ex-ministro José Dirceu - condenado no processo do Mensalão - e a convocação do presidente do Instituto Lula para explicar doações feitas pela Camargo Corrêa, empresa investigada na Lava Jato.
Entre os requerimentos conta ainda a convocação da esposa e as três filhas do doleiro Alberto Yousseff, preso pela polícia federal desde o ano passado, "mesmo sem que haja nenhum indício de envolvimento das quatro no esquema de corrupção", argumentou Solla, em nota.
“A técnica de coagir familiares para conseguir algo é utilizada pelo crime organizado, só gangsters agem assim. Não há nenhum elemento para convocar elas, nenhuma investigação séria no mundo utilizaria deste expediente", comentou Solla. E acrescentou: "O curioso é que foram em cima logo do delator que disse ter pago propina para Aécio Neves [PSDB] em Furnas, que envolveu Eduardo Cunha [PMDB], que pagou propina a Sérgio Guerra, do PSDB”, disse o petista.
Na última quinta, a maiorida da CPI se negou a votar requerimentos que ampliam a investigação para além do que já foi dito nas delações premiadas da Operação Lava Jato e, por outro lado, "aprovou sem discussão apenas os requerimentos com o objetivo de desgastar o PT."
“O uso político da CPI está tão desavergonhado que constrange todo o parlamento. O comando da CPI desistiu até de disfarçar suas intenções, o desrespeito às normas da Câmara hoje foi uma demonstração da total falta de compromisso com o regimento”, destacou o petista.
Solla apresentou requerimento, pela segunda vez, ao presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), para obter cópias de arquivos da Operação Castelo de Areia e convocar os executivos Pietro Bianchi e Saulo Thadeu Vasconcelos, da Camargo Corrêa. "A Folha de S. Paulo revelou que Bianchi recebeu R$ 7,38 milhões da empreiteira entre janeiro de 2008 e dezembro de 2013, mesmo depois de ter sido preso na Castelo de Areia. Segundo as investigações da Lava Jato, o executivo teria usado parte deste dinheiro para o pagamento de propinas. Em 2009, Bianchi foi preso após a Polícia Federal apreender, em sua casa, planilhas comprovando pagamentos de R$ 178 milhões a políticos e partidos, em valores referentes a percentuais de 208 obras públicas executadas pela Camargo Corrêa."
“A imprensa avança mais nas investigações que a CPI. Eu apresentei estes requerimentos em 23 de abril, mas fatos relevantes como estes não interessam à CPI porque envolve partidos como o PMDB, PSDB e DEM", disparou.
O deputado endossou que entre as obras que Bianchi teria pagado propina está a do Metrô de Salvador, licitada na época em que o atual vice-presidente da CPI, Antônio Imbassahy (PSDB), era prefeito da capital baiana. “Certamente ele não tem interesse nenhum em abrir estes arquivos, ouvir essas pessoas”, completou.
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