SEX, 26/06/2015 - 11:56
ATUALIZADO EM 26/06/2015 - 16:46
Jornal GGN - A prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da construtora Odebrecht, pode prejudicar um financiamento de US$ 4,2 bilhões para a construção do Gasoducto Sur Peruano. A empresa brasileira tem participação de 75% no consórcio que ganhou a concessão para construir e operar o gasoduto por 34 anos.
A Odebrecht tem sido questionado por instituições financeiras que participam do financiamento e estão esperando os resultados das investigações sobre a empreiteira. No total, 14 bancos fazem parte do operação, como o BBVA, da Espanha, o Citi, dos EUA, e ING, da Holanda. Além desta obra, o financiamento de US$ 1,5 bilhão para a construção da linha 2 do metrô do Panamá também poderá ser prejudicado.
Do Valor
Talita Moreira
A prisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, pode respingar em um financiamento de cerca de US$ 4,2 bilhões que vem sendo costurado por um grupo de 14 bancos para a construção de um gasoduto no Peru.
A companhia brasileira detém participação de 75% no consórcio que, no ano passado, arrematou a concessão para construir e operar o gasoduto por um período de 34 anos. Os outros 25% pertencem à Enagás, da Espanha.
Instituições financeiras que participam da operação têm feito questionamentos à Odebrecht desde o fim da semana passada, quando Marcelo foi detido pela Polícia Federal em razão da Operação LavaJato. Ninguém desistiu do negócio, mas a orientação nos bancos tem sido levantar o máximo de informações e esperar os desdobramentos das investigações sobre a empresa, apurou o Valor.
Os japoneses Sumitomo, Banco de Tókio Mitsubishi UFJ e Mizuho, o italiano Intesa San Paolo, os espanhóis BBVA e Instituto de Crédito Oficial, os franceses Natixis, Crédit Agricole e Société Générale, o holandês ING, o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), o canadense Scotiabank, o americano Citi e o norueguês DNB são os bancos que têm mandato para costurar um empréstimo sindicalizado para o Gasoducto Sur Peruano (GSP). A concessionária ainda pretendia atrair outras instituições para compor o financiamento.
A ideia era firmar o contrato em julho. Por ora, o prazo não foi oficialmente descartado e as reuniões para acertar detalhes estão mantidas, mas a prisão de Marcelo Odebrecht elevou as incertezas em um projeto já complexo por natureza.
Segundo as negociações, os recursos terão prazo de sete anos e vão substituir um empréstimoponte de US$ 600 milhões concedido em agosto do ano passado pelos bancos Sumitomo, Banco de Tókio Mitsubishi, Intesa San Paolo, BBVA e Natixis. Esse empréstimo vence no início de 2016, o que dá ao consórcio uma boa margem para encontrar uma solução caso haja mudanças no sindicato de bancos. Todavia, os planos do GSP eram de quitar esse financiamento antes do prazo e substituílo pelos recursos novos.
O GSP vai se estender por 1.080 quilômetros entre o campo de gás de Camisea, na região de Cuzco, e a cidade de Ilo, no litoral peruano. O investimento total é de US$ 7,328 bilhões e o início da operação está previsto para 2017.
Nas anotações que fez na prisão e pediu que fossem enviadas a seus advogados, Odebrecht pergunta sobre o GSP e demonstra preocupação com o projeto. O bilhete foi examinado pela Polícia Federal, que suspeitou de uma tentativa do empresário de orientar a defesa a ocultar provas.
Procurado pelo Valor, o GSP não se pronunciou até o momento de conclusão desta reportagem.
O projeto não é o único cujo modelo de financiamento entrou em compasso de espera devido às investigações sobre a Odebrecht. O Valor PRO - serviço de informações em tempo real do Valor - revelou anteontem que também foi afetado o andamento do contrato de US$ 1,5 bilhão para a construção da linha 2 do metrô do Panamá pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e pela espanhola FCC Construcciones.
O financiamento do metrô tem prazo de oito anos e foi acordado por um grupo composto por Citi, Deutsche Bank, Mizuho e Banco de Tokio Mitsubishi.
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