DOM, 28/06/2015 - 12:33
Por André Araújo
A economia do país está afundando nos grandes setores, menos nos bancos.
Os lucros espetaculares continuam crescendo a cada trimestre, mesmo após as provisões para calotes. É um espanto, mas não espanta, porque é a resultante de uma política de completo apoio do Banco Central para que os bancos cobrem do cliente aberrantes tarifas e taxas de juros 20 ou 30 vezes a taxa básica Selic que já é a mais alta do mundo. O Banco Central não tem nenhum parâmetro para conter a taxa imposta pelos bancos no FALSO PRESSUPOSTO de que é o mercado competitivo que regula as taxas. A premissa é falsa porque com a concentração do mercado bancário não há, na prática, competição, quatro grandes bancos tem 80% do mercado bancário.
A razão da existência de bancos públicos é servir de baliza contra a ganância dos bancos privados. Mas tal orientação não lhes foi imposta, então os bancos públicos cobram o mesmo que os privados, são estes, os privados que balizam os bancos públicos e não o contrário.
Os economistas de "mercado" que dirigem o Banco Central vendem a fantasia do mercado competitivo, quando na realidade é o maior cartel do país e mais: em tempos de crise DIMINUI a competição, porque os clientes estão endividados e PRESOS aos bancos onde tem dívidas.
O Banco Central tem toda sua filosofia para dar maior lucratividade aos bancos, liberdade para impor serviços e sistemas sem qualquer consideração pelos interesses dos clientes. Os bancos atuam para minimizar seus riscos à custa do cliente.
Em tempos de crise os bancos seriam um elemento essencial para tirar a economia do atoleiro, mas é na crise que eles atuam PRÓ CICLICAMENTE, retraindo e encarecendo o crédito e aprofundando a recessão.
No mercado de câmbio, o Banco Central deixou de fazer os controles sobre entrada e saida, tarefa que delegou aos próprios bancos, que hoje fazem o que querem com os clientes que não tem mais a quem apelar.
O que o Banco Cental fez seria como se a SUSEP - Superintendência de Seguros Privados - delegasse as seguradoras a função da polícia. Nas batidas de veículos, a seguradora é que faria o BO e a investigação, definindo a culpa de cada um. Foi o que o BC fez com o câmbio, seus operadores são também juízes das transações, o cliente depende do julgamento dos bancos, que são interessados na operação. Quem tomou essa decisão deve gostar muito dos bancos, um amor profundo, dar aos banos todos os instrumentos para manejar para eles a operação.
Os bancos NÃO serão um ponto de apoio para sair da crise, não estão a serviço do país e de sua economia, seguem a orientação filosófica do Banco Central, onde não existe o cliente, interessa só a saúde dos bancos e essa saúde é representada por lucros cada vez maiores, que dão solidez ao sistema, é disso que o BC gosta, bancos sólidos e clientes quebrados.
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