SEG, 22/06/2015 - 14:55
ATUALIZADO EM 22/06/2015 - 15:04
Jornal GGN - Enquanto a Operação Lava Jato continua como pauta diária para a imprensa tradicional, a Operação Publicano - que apura esquema de corrupção que pode ter desviado, só em 2013, cerca de R$ 38 milhões da Receita Fiscal do Paraná, com possível formação de caixa 2 para eleger Beto Richa (PSDB) - segue marginalizada pelos principais veículos de comunicação. O pouco destaque dado ao caso quase fez passar batido o desabafo da defesa de Beto Richa, que disse, na última semana, que o vazamento de informações envolvendo o tucano é um "atentado ao Estado de Direito".
Richa tem sido vinculado à Publicano porque as principais figuras investigadas pelo Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado), há quase um ano, orbitam ao seu redor. Seu primo, o empresário Luiz Abi Antoun, é considerado o "operador político" do esquema instalado na Receita do Estado.
Nesta segunda-feira (22), o Jornal de Londrina publicou que, na visão do desembargador Laertes Ferreira Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná, há "elementos probatórios e materialidade de que havia um 'esquema delituoso na Receita Estadual' e que o 'primeiro primo' do governador Beto Richa, Luiz Abi Antoun, era peça importante nesse esquema."
Há ainda "indicações claras a respeito do envolvimento de Luiz Abi Antoun teria, "em conluio com auditores fiscais", "intermediado negociações e pagamentos de propinas por empresários na finalidade de corroborar com atos de sonegações fiscais”.
Dos R$ 38 milhões citados pelo auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, um dos principais delatores do esquema, cerca de R$ 4 milhões foram destinados à campanha de Beto Richa. O governador e o PSDB negam.
Apesar disso, na última semana, Richa tentou levar as investigações da Publicano para um tribunal onde ele possui foro privilegiado - e onde, consequentemente, teria acesso às informações sobre o esquema desbaratado pelo Gaeco. O tucano alegou que, como seu nome é mencionado em inquéritos - e vazado para a imprensa - ele teria direito a acessar os autos.
O ministro João Otávio de Noronha negou o pedido do tucano para que o inquérito fosse suspenso e remetido ao Superior Tribunal de Justiça. Ele considerou que isso "provocaria prejuízos à marcha do inquérito”, tocado pelo Gaeco. Além disso, destacou que Richa "não foi indiciado formalmente e não há indicativos de que ele, pessoalmente, seja alvo das investigações."
A Folhapress publicou que a defesa de Beto Richa classificou o "vazamento" do conteúdo das delações da Operação Publicano de "atentado à democracia e ao Estado de Direito”. "Sai todo dia o nome do governador na imprensa e a gente nem está sabendo o que é”, disse o advogado Eduardo Sanz. “É um absurdo, é uma investigação sigilosa que fica vazando. Seria uma irresponsabilidade não querer saber o que está acontecendo."
Neste final de semana, o Jornal de Londrina informou que "a maioria dos presos da segunda fase da Publicano estava para sair da cadeia na sexta-feira passada. Ao todo, 43 investigados que tiveram a prisão preventiva decretada conseguiram reverter a decisão por causa de uma liminar do ministro Sebastião Reis Júnior, da 6ª Turma do STJ. Ele estendeu a 28 presos o habeas corpus concedido ao auditor fiscal Marco Antônio Bueno, o primeiro a conseguir a liberdade nessa fase das investigações. Entre os beneficiados pela medida estão o ex-inspetor-geral de fiscalização Márcio de Albuquerque Lima, considerado um dos cabeças do suposto esquema."
Albuquerque é descrito pelas autoridades da Publicano como alguém muito próximo da vida pessoal de Beto Richa, já que ambos participavam juntos de corridas automobilísticas, aos finais de semana.
Luiz Antônio de Souza deve voltar ao Gaeco nesta semana para mais depoimentos dentro do acordo de delação premiada. A informação foi confirmada pelo advogado dele, Eduardo Duarte Ferreira, ao Jornal de Londrina.
Ainda não há informações sobre colaborações feitas pelo primo de Beto Richa - que há havia sido preso pelo Gaeco em outro esquema de corrupção envolvendo fraude em licitações do Estado.
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