Alstom deve pagar cerca de R$ 1 bilhão por corrupção no metrô de SP
QUI, 03/09/2015 - 13:53
O Ministério Público de São Paulo e a empresa francesa Alstom, uma das envolvidas nas denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público no metrô paulista e na CPTM, negociam acordo para o ressarcimento aos cofres públicos. A companhia deve devolver cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Em entrevista à repórter Camila Salmazio, da Rádio Brasil Atual, o deputado estadual Alencar Santana (PT-SP) afirma que o valor pode não corresponder ao prejuízo causado. “Tenho dúvidas em relação ao valor. Se não houver uma investigação mais rigorosa, não será possível chegar à conclusão. Não dá para propor um acordo e trabalhar pela impunidade, não é isso que resolve o problema da justiça.”
Para o deputado, a investigação do Ministério Público peca na falta de transparência, pois há suspeitas de envolvimento de autoridades públicas. “O MP está propondo um acordo com as empresas, mas quem são as pessoas denunciadas, quais são as autoridades públicas envolvidas? Tem muita coisa obscura.”
Alencar ressalta que o principal prejudicado é o cidadão paulistano, que convive com uma estrutura ineficiente de transporte público. “A população sofre no dia a dia com o metrô e trens cheios, demoras e panes, além de obras que não avançam ou que são canceladas. Ao mesmo tempo, uma denúncia de desvio, desde o começo do governo do PSDB em São Paulo, não é apurada com o devido rigor para que se chegue a uma conclusão.”
“A forma como o caso está sendo tratado em São Paulo é horrível. Resolve a questão criminal com uma reparação monetária. Estamos tratando apenas como um negócio”, afirma.
A empresa Alstom é investigada em outros 11 países por oferecer propinas para obter contratos em licitações de transporte público. O pagamento de multados como punição foi adotado pela Suíça, Itália, México e Zâmbia, onde as apurações já foram encerradas.
Alencar acredita que, caso haja um acordo, o dinheiro pode silenciar as investigações e impedir que as autoridades públicas participantes dos esquema de corrupção sejam identificadas. O acerto entre o MP e a empresa não prevê confissão de culpa e nem delação de outras empresas que possam estar envolvidas. “É pouco, mesmo sendo importante recuperar o dinheiro público que foi desviado, mas o Ministério Público deveria abrir investigação sobre as autoridades envolvidas, porque até agora não temos clareza. Só tentativa de acordo não resolve.”
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