terça-feira, 7 de julho de 2015

Maioria é contra doações de empresas a campanhas políticas, diz Datafolha

Maioria diz ser contra doações de empresas para as campanhas políticas, mas Cunha brada contra a OAB.


A maioria dos brasileiros rejeita doações de empresas para campanhas eleitorais. Segundo pesquisa Datafolha encomendada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), 74% dos entrevistados são contrários ao financiamento empresarial de partidos e políticos.
Apenas 16% são favoráveis a esses repasses, enquanto 10% não opinaram. O Datafolha ouviu 2.125 entrevistados, entre os dias 9 e 13 de junho, em 135 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Entre os pesquisados, 79% avaliou que a corrupção é estimulada por doações de empresários para o financiamento de campanhas –sendo que 12% não apontam relação, 3% acreditam que combate a corrupção e 6% não tem opinião formada a respeito.
Para o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, o levantamento mostra os efeitos das investigações do esquema de corrupção na Petrobras na sociedade. Segundo ele, é preciso aproveitar o momento de crise para aperfeiçoar o atual sistema eleitoral do país.
"As suspeitas sobre a origem do dinheiro que abasteceu campanhas, conforme revelado em delações premiadas da Lava Jato, reforçam a necessidade de mudanças no sistema eleitoral brasileiro. O atual sistema contém brechas que permitem a eventual 'legalização' de recursos ilícitos através de doações formais a campanhas eleitorais", afirmou o presidente da OAB.
"O mais adequado para limpar o Brasil, além da devida punição de eventuais culpados, respeitada a Constituição e o amplo direito de defesa, é acabar com o investimento empresarial em eleições e tornar crime a utilização do dinheiro não contabilizado, o chamado caixa dois", completou.
A OAB é autora de uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) que pede a inconstitucionalidade de doações privadas para abastecer campanhas. O julgamento foi suspenso há mais de um ano pelo ministro Gilmar Mendes que pediu mais prazo para examinar o caso.
O ministro tem defendido que o Congresso defina questão. A maioria dos ministros já indicou voto pelo veto ao financiamento privado, mas há expectativa na Corte de mudança de posição, como no caso do ministro Dias Toffoli, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que votou pela inconstitucionalidade desses repasses.
Com o julgamento paralisado no STF, a Câmara aprovou, numa votação polêmica no fim de maio, permissão para que partidos recebam doações empresariais para campanhas. A aprovação ocorreu um dia após o tema ter sido rejeitado em plenário. O texto ainda precisa passar por uma segunda votação entre os deputados e, se aprovada, seguir para discussão no Senado.
O levantamento também ouviu os entrevistados sobre a preferência partidária, sendo que 75% declararam que "não tem preferência" por nenhuma legenda. Em cada 100 brasileiros, sete disseram preferir o PT, cinco o PSDB e outros cinco o PMDB.

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